sábado, 30 de janeiro de 2010

sobre drogas & rock'n roll.

Apresentando mais um episódio-diálogo interessantes do meu dia-a-dia, essa foi a minha conversa, com o redator da agência:

Colega: Você bebe Rafa?
Rafa: Sim, quando vou a uma festa, estou com meus amigos…
Colega: Hum, ok. Mas beber nesse pais é ilegal.
Rafa: HUM, OKEY!
Rafa: (em pensamento) Para você, não para mim!

Não se encontra bebidas alcoolicas para vender no mercado, afinal, muçulmanos não bebem, não tem habitos viciosos, pois acreditam que esse comportamento so trás o mal. “Tudo o que intoxica seja pouco ou muito é Harám (proibido), pois o pouco leva a pessoa para o muito e assim se vai viciando. Longe de mim querer “acusar” o povo Bengali de hipocrisia, mas a conversa que se seguiu com meu colega de trabalho foi: “É, mas eu bebo as vezes…”. Também acredito fielmente que existam muçulmanos que não bebem, e que seguem as leis islã a risca e acreditam no ideal. E eu respeito isso! O que acredito, é na influência do Ocidente sobre a Ásia e seus hábitos. Por mais que Bangladesh seja um país muçulmano, recebe informações dos costumes do outro lado do mundo. O que acontece ainda, no meu ponto de vista, é que o islã tem padrões tão fixos e rígidos a seguir, que acaba por incitar os muçulmanos, principalmente os jovens, a descobrir e querer experimentar esse lado “proibido”.

Aos estrangeiros é permitido o consume de bebidas alcoolicas. Existem lojas específicas para que estrangeiros possam comprar bebidas, apresentando o passaporte. O que aconteceu com nós, trainees, é que moramos em um apartamento alugado, que o dono mora no segundo andar e nós no quarto. Numa reunião com a AIESEC para tratar de assuntos relacionamentos a Trainee House, o senhor que é dono do apartamento, nos acusou de no último mês, fazermos uma festa com bebidas alcoolicas e convidar amigos Bengali para beber aqui. E o povo Bengali não pode beber! Ou seja, nosso apartamento, seria como um refúgio alcoolico!!! (Não, não fizemos festa nenhuma! Não mãe, minha casa não é um balada ilegal refúgio alcoolico bangla). O que eu quero tratar com esse fato, é que para mim, tamanha preocupação com os jovens Bengali e sua relação com a bebida, acaba por incentivar o hábito!

Eu, seguramente, posso estar errada. Mas sempre acreditei que pode existir um equilíbrio. Proibir, como é aqui, talvez seja uma solução de evitar esse desequilíbrio entre “diversão” ao beber vinho com seus amigos ou se tornar um alcoolatra.

Balada por aqui? Nem pensar. Acho que não existe. Na verdade, não sei, nunca vi e nao ouvi falar. As festa que sei que existem por aqui, é quando os estrangeiros se reunem em alguns clube. Quinta-feira passada, teve uma festa no Clube Alemão. A frequência dessas festas varia, talvez 1 a cada 10 dias… (?) realmente não sei. Mas balada/barzinho/festa que nem no Brasil, definitivamente, não tem! Woods, I miss u. 

OKEY, eles não bebem, mas fumam. E como fumam! Não fumo e não tenho idéia de quantos cigarros por dia é a média diária por aqui, mas deve ser alta. E fumam em qualquer lugar, ambientes fechado, inclusive. Entre os trainees, pelo menos, ninguém tem o hábito diário de fumar.

Seguindo com série “Perguntas Bengali Bizarras”, esse foi o diálogo com meu chefe dias atrás, durante uma reunião (numa sala fechada):

Chefe: Se importa se eu fumar Rafa?
Rafa: Eu prefiro que não, pois estamos num ambiente fechado.
Chefe: Todo mundo em Propaganda fuma, você precisa se acostumar!
Rafa: (em pensamento) Porque é que pergunta oh criatura?

E meu chefe acendeu um cigarro, numa sala fechada, com mais 5 pessoas e continuou a reunião…

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

cuidando da beleza.

Esse é um post especialmente feminino.

Mais de um mês longe de casa, é mais de um mês sem ir na manicure. Quando estava na Índia, aproveite um dia que e fui na manicure para viver essa experiência! Aqui em Bangladesh não fui, mas acredito que seja bem parecido… A manicure na Índia, é muita mais uma sessão de massagens e crèmes por todo o braço, do que realmente a manicure que sou acostumada. Acho que usaram três tipos de cremes, mas não tiraram minha cutícula, como era acostumada, nem usaram acetona para tirar o restinho do esmalte vermelho “preguicinha” que trazia do Brasil. Além de lixarem minha unha “redonda” e não “quadrada”, a manicure apenas passa o novo esmalte por cima, sem usar base e sem pintar muito os cantinhos. Na Índia, paguei 250 rúpias pela manicure, aqui, o valor e o mesmo em takas, 250 takas, ou menos que 4 dólares...

A minha franja está começando a me incomodar, e estou pensando se vou no salão, ou se corto sozinha em casa. Lembro que a última vez que fiz isso, foi trágico. Mas eu posso tentar ter mais cuidado dessa vez... Quanto as minhas luzes, nem sei se existe algo parecido aqui! As mulheres tem cabelos negros, e acho que não tem interesse de ficarem loira.

E quando a depilação... bem, bem, bem.... vai encarar a "Brazilian Wax"? NOT.



terça-feira, 19 de janeiro de 2010

fotos Taj Mahal

Link no picasa com as fotos da minha visita ao Taj Mahal, na Índia: http://picasaweb.google.com/rafaelagro/TajMahalIndia#

:)
 

A novela "Caminho das Índias" sempre mostrou para gente que as vacas são animais sagrados e que estão por toda parte. Pois é, verdade... Vi várias vacas e outros animais nas ruas. Essa foto, é numa rotatória próxima a entrada do Taj Mahal. O caos do transito como sempre, onibus, buzina, carros, caminhão, mais buzina, aquela confusão, e a vaquinha lá, no meio da rua, toda formosa, descansando... Para ela, acho que ninguém buzina.
Afinal, CUIDADO, é sagrada!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

meu futuro-casamento!

As meninas que moram comigo ja tinham me avisado que por aqui, é "necessário" ter namorado! As pessoas tem uma fixação MESMO por isso, (para mim é o que parece!), e não é a toa, estou vivendo num pais muçulmano, e a instituição do casamento é MUITO importante por aqui!

No meu primeiro dia no escritório, esse foi o meu primeiro diálogo com meu chefe:

Chefe: Como se diz seu nome completo?
Rafa: Ra-fa-e-la-Gro-xé-vis-qui.
Chefe: Voce tem namorado?
Rafa: Sim!
Chefe: Quando você vai se casar?
Rafa: (Panico!)

Disse que me casaria quando voltasse pro Brasil, mas acho que demorei demais para pensar na resposta! Além disso, me fazem tantas perguntas sobre meu futuro-marido, que acho que já inventei coisa demais e tenho que pensar para nao cair em contradição! Querem ver foto, querem saber o que ele faz da vida, se trabalhava comigo, onde mora, quantos anos tem, se fuma, se bebe, se é mais alto que eu, se é loiro, moreno, careca, cabeludo, rei, ladrão, soltado ou capitão. Ou se é o mocinho bonito do meu coração!

E tem mais, meu chefe (que merece um post dedicado a ele, de tão peculiar que é! E também, que ainda esta tão difícil de "adaptar"...) disse que um dia, vai ligar pro meu namorado. Ele quer que eu fique aqui por 5 anos (aham, tah!), se eu for boa o suficiente para a agência, (juro, palavras dele!) e disse que vai ligar pro meu namorado para pedir permissão!

Então meninos, se preparem! A qualquer momento, meu chefe pode bater na sua porta, ou aparecer no seu celular!

sábado, 16 de janeiro de 2010

meu BRASIL brasileiro!


Essa eh o meu quarto novo, no dia que nos mudamos! Moro em Baridhara DOHS, que eh um bairro militar, que tem apenas 2 portoes de entrada. Eh seguro. Mudamos apenas de andar, nao de predio. Antes estavamos numa quitiniete no terraco, e agora mudamos para um apartamento no quarto andar. Eh maior, e esta habitavel, muito diferente do anterior... Sem elevador. Mas ainda bem que isso eu jah estava acostumada no Brasil.
Nesse dia, fui dormir as 3h da manha, exausta, depois de limpar, limpar, limpar... O quarto divido apenas com a Yudith e o banheiro do quarto, divido com a Yudith e com o Bastian, o outro alemao. No outro quarto, a Laura e a Marta irao dividir um quarto maior com a nova trainee, a Mita, da India, que chegou quinta! Agora, somos 6 e assim, fica 3 para cada lado!
Mudar mudou meu dia e me senti melhor. Me deu ate um animo! Deu ateh para pensar que as coisas podem melhorar... Como estamos sem cortinas, porque mandamos para a lavanderia, pendurei a minha canga-bandeira! E como nunca antes, senti um orgulho GIGANTE de ser brasileira. Ateh a Yudith disse como nossa bandeira eh linda! Muito, muito orgulho. Eu mesma, depois de pendurar, fiquei olhando... Uma sensacao que nunca tinha sentido, como uma comtemplacao.

E no meio da bangunca da mudanca, quando arrumavamos a sala, encontramos uma canga-bandeira igual a minha! Ou seja, eh provavel que Bangladesh jah recebeu um trainee brasileiro... Antes de eu ir, o pessoal da AIESEC tentou a todo custo saber se alguem jah tinha estado por essas terras, mas nada... Pois bem, acho que alguem jah veio! Nao sou a primeira trainee brasileira por aqui! Mas meu orgulho de ser brasileira, eh maior do que nunca!

Um historia para contar, eh que quando cheguei aqui, dia 31 de dezembro, o cara que me atendeu no aeroporto, na imigracao, alem de me perguntar sobre o Maradona, cantarolou "Aquarela do Brasil"! Pois eh, esse Brasil lindo e trigueiro. É o meu Brasil brasileiro. Terra de samba e pandeiro. Brasil! Pra mim, pra mim! Brasil! Brasil! Pra mim, Brasil!, Brasil!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

primeiras impressoes.

Sinto muitas saudades do Brasil.
Eh uma saudade tao grande, daquelas que nunca imaginei mesmo sentir… Em todos os graficos comportamentais sobre intercambio mostram que existe uma fase muito dificil, que a saudade eh grande… mas que depois passa. Com a noticia sobre o falecimento do meu pai, acho que minha saudade ficou mais forte. Queria muito um abraco da minha mae, do meu irmao, da minha familia, dos meus amigos…
Pensei em voltar.
Pensei em voltar, porque parece que essa saudade que sinto, essa dor que as vezes vem, nunca vai passar. Mas tambem sei que voltar nao muda nada sobre o que aconteceu, aliviaria esse aperto no meu peito, esse choro que as vezes demoara para passar, mas nao mudaria o passado.
Alem disso, meu comeco aqui em Daka foi dificil. A casa dos trainees aqui eh uma quitinete no terraco, que quando eu cheguei estava tao imundo, que me deu panico. Passei dia 1 e 2 de janeiro limpando banheiro, cozinha, banheiro…
Divido apartamento com outras 4 pessoas: a Marta, da Colombia, o Bastian da Alemanha, a Yudith tambem da Alemanha (com quem eu divido meu quarto!) e a Laura do Canada. E entre tantas culturas juntas, normal seria que o senso de limpeza e organizacao nao fosse comum. Cada um tem seus parametros e habitos higienicos, e isso esta sendo bem dificil para mim. (Nao so hem casa, mas no trabalho.) Mas hoje, finalmente, nos mudamos para um outro apartamento, saimos do terraco e fomos para o quarto andar. O apartamento eh maior, e esta limpo. Ainda nao nos acertamos sobre limpar a casa… Eu preferia ter uma pessoa morando com a gente para limpar o tempo todo, mas nem todos concordam com isso. Outros acreditam que podem limpar sozinhos, outros nao querem um desconhecido em casa. Espero que isso se resolva logo! Eu sempre tive uma casa limpa, talvez mais gracas a minha mae que a mim propriemamente e hoje dou mais valor que jah dava.
O apartamento nao tem espaco para lavar roupa, (nao sei como sao as outras casas…) entao mandei lavar duas blusas, para testar a lavanderia proxima de casa. A minha blusa basica branca nova da Hering, voltou bege. A agua aqui eh diferente, mas alem disso, o ar eh muito sujo, entao, na hora de colocar no varal, acho que a suja a roupa limpa. Ainda nao sei o que fazer com as minhas roupas brancas… Alem disso, minha bolsa nova, tambem da Hering, que eu ganhei da minha prima Paula no Natal esta encardida. Faz 22 dias que sai do Brasil, passei pela India e cheguei em Bangladesh, mas eh como se eu tivesse usado ela a 5 anos! A alca, que eh de como o tecido cru, esta imunda. Tambem acho que deve ser por causa do ar, e do senso de limpeza diferenciado que encontrei por aqui…
Tanto em Bangladesh como na India, as pessoas comem com as maos, e se antes eu jah achava super importante lavar as maos antes das refeicoes, hoje acho essencial para viver! Lavo as maos varias vezes ao dia, nao apenas antes das refeicoes. E nao eh exagero, nao para mim. Para meus colegas de trabalho, deve ser.
Outra coisa que me percebi aqui, eh que as pessoas nao mantem muito respeito sobre as coisas particulares. A Mari, na India tinha me ditto isso jah, mas aqui pude comprovar. Nos primeiros dias na agencia, todo munda vinha ateh minha mesa, e mexia no meu computador, sem perguntar, sem nada. Soh para me mostrar alguma coisa, ou sei lah o que. Mas simplesmente tirava o mouse da minha mao, e mexia. Alem tambem de querer mexer no meu celular, alem de as vezes alguem parar do meu lado e ficar observando o que estou fazendo. Isso me irritou muito no inicio! Parece que eles nao tem um computador ou uma mesa fixa, cada vez que olho em volta, os 6 caras com quem eu divido sala (e que sei o nome apenas de 3 ateh agora) mudam de lugar, como um rodizio desordenado! E eu tenho um jeito “meu” digamos, de ordenar meus icones na area de trabalho, e um dia, um dos meninos que trabalha comigo, mudou os icones no desktop! Depois disso, nao deixei mais. Quando eles vinham para tirar minha mao do mouse, ou querer fazer seja lah o que fosse, eu nao deixava. Agora, acho que diminuiu um pouco, mas ainda nao relaxei. Vou colocar senha no meu login do PC, apenas preciso me lembrar como faz isso.
Uma coisa que eu vou precisar tolerar aqui, e que esta sendo dificil eh o senso de conforto no tranalho. Eu divido uma sala pequena, com mais 6 meninos, como disse. Nao tem janela, apenas aquelas vitrais (sabem?) e no meu primeiro dia de trabalho eu fiquei doente. Aqui faz frio agora, mas a sala eh muito abafada, entao a variacao de temperature me deixou com dor de garganta e uma tosse que ainda nao passou.
A lingua offcial aqui eh bangla, e sao poucas as pessoas que falam ingles. Aqui mesmo no escritorio. Entao, boa parte do tempo, eles falam em bangla e eu nao entendo nada. Eles precisam se esforcar para falar ingles comigo, mas muitas vezes mais por medo e timidez em errar, eles nao falam. Devido a isso, que eu apenas converso com 3 das 6 pessoas na minha sala.
Outra coisa que observei, eh que as pessoas aqui sao aficionadas por facebook. Eh o orkut brasileiro, mas aqui a paixao eh maior. Em Bangladesh, nao existe classe media, e o que eu percebi ateh agora entao, eh que as pessoas nao se importam em trabalhar 6 dias por semana ateh tarde, porque elas nao tem o que fazer no tempo livre. Talvez pelo fato de serem pobres, e por acreditarem que sem dinheiro nao dah pra se diverter ou por nao saberem como se diverter, elas trabalham, e no dia de folga, apenas dormem. Par que no dia seguinte possam ir pro trabalho acessar o facebook.
Alem disso, as pessoas gritam muito e discutem. Como eh em bangla, eu nao tenho ideia sobre o que seja. Esses ultimos passei meus dias no trabalho com meu mp3. A sala eh pequena, entao o nivel de ruido eh alto e eu gosto de silencio para pensar. Inclusive, quando trabalho. Entao, ainda prefiro o Jason Marz gritando no meu ouvido, que uma discussao em bangla.
Mas entre tantas adversidades, posso garantir que encontrei pessoas muito boas aqui e que me ajudam muito. O George e a Maria Fernanda, sao dois colombianos, ele trainee aqui a 6 meses, ela foi trainee a 4 anos atras e ficou sao pessoas que estao comigo desde que cheguei, e me ajudando nesse momento. A Yudith, a alema com quem divido quarto, eh uma pessoa muito especial e carinhosa, e cuidou de mim no dia que recebi a noticia do meu pai, alem de me levar no meu primeiro dia de trabalho, e ajudar a achar o endereco quando o menino da AIESEC nao apareceu. E a Marta, colombiana tambem, que trabalha com a Yudith, e jah morou no Brasil para estudar na USP por 6 meses, compartilha o mesmo senso de limpeza comigo e isso eh muito bom. Eh o sangue latino, sempre.
No domingo, fomos nos 4 na missa numa igreja catolica. A Maria foi a unica que nao pode ir, porque nao conseguiu sair do trabalho. A missa foi em ingles, mas nas oracoes e naquelas partes que toda missa tem, eu preferi orar no meu idioma materno.
Assim, foi mais facil falar com Deus.
ps: espero postar fotos em breve.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

meu pai.

Preciso contar para voces, que meu pai Miguel, faleceu. Ele passou mal dia 31 de dezembro, e falaceu dia 02 de janeiro. E justamente nesses dias, estava sem internet e sem celular aqui. Minha mae, apenas conseguiu me contar ontem. E eu sinto muito essa perda, por estar longe, por nao poder enterrar meu pai.

Sentirei saudades pai. Sentirei saudades das coisas que nos uniam e que faziam nossa relacao ser de pai e filha. E eu amo voce, sempre amei. Fica com Deus. Estou rezando muito por voce!

Rezem por mim e rezem por ele tambem.
Miguel Grochewski 29/09/1949 - 02/01/2010